Divagações

Quando o passado te ensina a sorrir e não mais a chorar

21:11


Hoje, entre a caminhada do meu quarto para a cozinha, com a xícara de café ainda em mãos, lembrei-me de você.

O calor emanando da xícara quente em contato com minha pele me trouxe a lembrança do seu rosto, seu corpo, seus olhos, seu jeito. Diferentemente das outras vezes, dessa vez não foram lágrimas ou raiva, mas apenas um sorriso, que preguiçosamente despontou em meu rosto.

Todos os planos que um dia fizemos me invadiram como a ressaca do mar da manhã em um dia frio, e um a um despontaram em minha mente. Realizei alguns, mesmo sem sua presença. Desculpe-me, usei-os como meus também, e permiti que meu lado egoísta vivesse aquilo que por madrugadas eram traduzidos apenas por palavras de sonhadores embriagados em suas descobertas.

Desisti de pensar que “não era para ser”, na verdade foi! Aconteceu. Vivemos. Pelo tempo que nossas vontades permitiram. Depois de tanto tempo entendi que nós nunca fomos futuro, nós fomos os melhores presentes que nossos passados poderiam nos reservar.

Foi na medida certa, cada hora do relógio se imortalizou em lembranças que não se apagarão nem na minha memória e nem na sua.

Coloco a música que tanto ouvia enquanto falava com você, e através de uma tela deixava suas palavras deslizarem das pontas dos seus dedos para minha alma. Fecho os olhos e lembro do som da sua voz por telefone e depois fazendo-me arrepiar, enquanto sem pressa alguma desvestia-me das minhas roupas, dos meus medos e me transformava em um novo alguém.

Sim, meu querido, você me transformou. Levou-me para além daquilo que julguei como meu limite, mostrando-me que o mundo era maior do aquilo que eu via. Fez-me sentir o que apenas imaginava. Ajudou-me a achar meus cacos, colou cada um com cuidado e me quebrou novamente, e assim aprendi a me reconstruir, sozinha.

Percebo que não há mais mágoas quando sorrio para o jardim lá fora, e uma leve saudade de reviver tudo aquilo faz cócegas em minhas emoções. Um dia me disseram que o tempo cura tudo, na verdade, acredito que quando vemos as coisas por outro ângulo, um pouquinho mais de longe, perceberemos ali, escondidinho, algo de bom, ou talvez apenas aprendamos de que de tudo, tudo mesmo, podemos tirar algo positivo.

Fomos uma febre, desejei que você ficasse um dia, mas nos fomos. E foi nessa partida, que aprendi a encontrar os tantos caminhos que poderia seguir, após uma porta se fechar. A chave está escondida, quem sabe um dia um de nós dois não a encontra? Ou, a deixemos onde está, inacessível do presente, mas bem guardada em lembranças que ficaram do passado.

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